Em 20 anos do Real, desvalorização monetária e impostos roem o bolso do trabalhador
Está próximo de o “Plano Real” completar 20 anos, reverenciado como uma conquista da sociedade brasileira, que estava atolada em índices gigantescos de inflação à época. Uma das maiores lutas dos trabalhadores naquele momento era pelo gatilho de reajuste mensal de salários, com variações de preços no mercado que giravam em 20%, 40% e até 84,32%, como na véspera da posse de Collor de Melo. A velha situação registrava valores históricos de 5.000% ao ano, enquanto hoje temos uma inflação represada em torno de 6% a cada 12 meses.
O Plano Real, realizado no governo do ex-presidente Itamar Franco, jogou a inflação por terra e permitiu até agora um controle mais equilibrado da economia. Ainda assim, desde 1º de julho de 1994 até 31 de janeiro de 2014, em 20 anos, a inflação medida pelo IPCA acumula 347,51%, ou seja algo um produto que custava R$ 1,00 em julho 1994, custa hoje R$ 4,47.
Uma cédula de R$ 100,00 perdeu 77,65% do seu poder de compra e encolheu para R$ 22,35 do valor real de quando nasceu, o seja, um quinto do valor inicial. Para garantir os mesmos desejos de compra, quem ganhasse aqueles R$ 100,00 de 20 anos atrás precisaria agora de 400 em termos reais. As moedas de R$ 0,01 desapareceram e o custo material de manter as de R$ 0,05 em circulação já dão prejuízo.
Apesar desta queda do valor monetário, a sociedade mantém a onda consumista que colabora para o aumento inflacionário, já que não há produção suficiente para a alta demanda, fazendo com que os produtos elevem os preços continuamente. Resultado disto, o nível desenfreado de compras de supérfluos leva o endividamento ao trampolim em saltos mortais para a inadimplência e apuros para sustentação de compromissos financeiros básicos.
Tornam-se cada vez mais urgentes os investimentos no setor produtivo, além da maior cuidado com a educação, incluindo conceitos fundamentais de finanças pessoais nas grades curriculares, estimulando para os resultados positivos da iniciativa de poupar recursos. Sobretudo, deve ser feita rigorosa prevenção contra os empréstimos e financiamentos, que devoram todas as economias, com os percentuais insaciáveis dos juros, nos transformam em devedores e sem crédito futuro. Economizar para comprar é o melhor remédio e produtos que sobram nas prateleiras acabam caindo de preço.
Impostos comem os salários.
Além da perda monetária, enfrentamos outro grave problema patrocinado pelo Governo Federal. Há muitos anos que a tabela para desconto do imposto de renda (IR) vem sendo reajustada em 4,5%, fazendo com que os menores salários comecem a pagar também o tributo. O movimento sindical desenvolve uma luta constante para o reajuste desta tabela pela inflação, pois o mínimo de crescimento dos salários faz com que ele seja comido pelo IR. A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) entrou com um pedido de liminar para garantir que a tabela do IR seja reajustada em 61,24%, diferença acumulada de 1996 a 2013.