Uma em cada doze pessoas – 62 milhões – vivem com diabetes nas Américas. O número triplicou desde 1980 e a doença é atualmente a quarta causa de morte na região, depois de infarto, acidente vascular cerebral (AVC) e demências. Se medidas não forem tomadas, estima-se que quase 110 milhões de pessoas terão diabetes até 2040. O primeiro Informe Mundial sobre Diabetes da Organização Mundial da Saúde (OMS), apresentado no marco do Dia Mundial da Saúde, destaca a urgência de se intensificar os esforços para prevenir e controlar essa doença.
O relatório destaca a necessidade de implementação de políticas públicas que apoiem estilos de vida saudáveis e pela garantia de que os sistemas de saúde são capazes de diagnosticar prontamente, tratar e cuidar de pessoas com diabetes.
“A melhor forma que as pessoas têm de prevenir a diabetes é seguir uma dieta saudável, evitando sobretudo os alimentos ultraprocessados – ricos em calorias e pobres em nutrientes – e bebidas açucaradas, além de realizar atividades físicas regularmente para manter um peso saudável”, disse Carissa F. Etienne, diretora da Organização Pan-americana da Saúde (OPAS), escritório Regional para as Américas da OMS. No entanto, Etienne esclareceu que a prevenção da diabetes “não é apenas uma responsabilidade individual” e instou os governos a adotar políticas e medidas eficazes para “fazer a escolha saudável ser a escolha mais fácil”.
A diabetes é uma doença crônica progressiva, caracterizada por altos níveis de glicose no sangue. É uma importante causa de cegueira, insuficiência renal, amputação de membros inferiores e outras consequências em longo prazo que impactam significativamente na qualidade de vida e aumentam o risco de morte prematura. A atenção para diabetes e suas complicações também representa um custo elevado para as famílias e os sistemas de saúde. Em 2014, as despesas regionais de saúde relacionadas com essa doença somaram cerca de 382 bilhões de dólares.
A maioria das pessoas com diabetes sofrem de tipo 2, que está intimamente ligada ao excesso de peso e obesidade, bem como estilos de vida sedentários. Nas Américas, mais de 60% da população está acima do peso ou obesa, em grande parte como resultado de mudanças de estilo de vida relacionadas ao desenvolvimento e à globalização.
O novo relatório da OMS diz que o aumento da diabetes pode ser retardado por meio de uma combinação de políticas fiscais, legislações, mudanças no meio ambiente e conscientização das pessoas para a necessidade de modificar os fatores de risco para a doença. Isso inclui políticas que aumentem os impostos sobre bebidas açucaradas e a adoção de rotulagem frontal nos alimentos alertando os consumidores sobre os produtos processados com alta quantidade de gordura, açúcar e sal, com o objetivo de desencorajar seu consumo. “A menos que sejam tomadas medidas urgentes, o mundo não vai reverter essa epidemia”, afirmou Alberto Barceló, assessor regional em diabetes da OPAS. Segundo Barceló, os países membros da OMS se comprometeram a limitar o aumento da diabetes e da obesidade em 2025.
Por outro lado, o relatório mostra que as pessoas com diabetes podem ter uma vida longa e saudável se a doença for detectada a tempo e bem manejada. Nas Américas, no entanto, em alguns países até 40% das pessoas com diabetes não sabem e entre 50% e 70% não alcança o controle adequado da glicemia.
Um bom manejo da diabetes pode prevenir complicações e morte prematura. “Precisamos garantir que as pessoas com diabetes tenham acesso aos cuidados e medicamentos que necessitam, bem como à educação e às intervenções que facilitem um estilo de vida saudável”, indicou Barceló.
Fonte: OMS
Crédito da foto: Eduardo Martino