Minas Gerais apresenta a maior concentração de profissionais da enfermagem que se formam e permanecem no mercado de trabalho mineiro, esse é um aspecto do Perfil da Enfermagem no Brasil apresentado em audiência pública, ontem (11), na Assembleia Legislativa. O diagnóstico foi realizado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), por iniciativa do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) e com o apoio do Conselho Regional de Enfermagem de Minas Gerais (Coren-MG).
A pesquisa também aponta que a maioria dos profissionais está concentrada na Capital (53,7%). As principais massas trabalhadoras são os técnicos e auxiliares de enfermagem (74,7%), o que indica falta de profissionais com curso superior, o que acaba gerando uma sobrecarga nos enfermeiros devido aos cargos ocupados nos turnos de trabalho.
Mas é entre os técnicos e auxiliares mineiros onde encontram-se a escolaridade acima da exigida para o desempenho de sãs atribuições (66,2%), ou seja, a escolaridade que é exigida por lei. Entre os enfermeiros a amostragem aponta que (89,1%) já exerciam a função de técnico ou auxiliar antes da graduação, o que mostra o interesse em continuar na profissão.
Subsalários e jornadas extensas
Outros dados dizem respeito ao local de trabalho: 54,7% da equipe de enfermagem encontra-se no setor público; 31,4% no setor privado; 18,6% no filantrópico e 5,4% nas atividades de ensino. É do setor privado (26,3%) e filantrópico (30,7%) de onde saem os piores salários – pagando valores de até R$ 1.000.
Já sobre a jornada de trabalho foi observado que a equipe de enfermagem, em Minas Gerais, exerce jornadas de 41 a 60 horas de trabalho (31,9%), o que é preocupante para a coordenadora da pesquisa, Maria Helena Machado. Segundo ela, às 30 horas é uma necessidade humana da profissão.
Para o presidente da Feessemg, Rogério Fernandes, o diagnóstico apresentado vem para consolidar e transformar em dados o que os profissionais da enfermagem encontram todos os dias. “Grandes índices de casos de depressão por causa das longas jornadas de trabalho, como mostra a pesquisa, 65,5% dos profissionais já precisaram de atendimento médico”, explica.
O presidente ainda chama atenção para a vontade política para que projetos que definam pisos salariais dignos e redução da jornada para 30 horas sejam aprovados em estâncias nacional e estadual.
A pesquisa foi realiza com mais de 1,8 milhão de profissionais, realizada em aproximadamente 50% dos municípios brasileiros e em todos os 27 estados do Brasil. Foram entrevistados auxiliares e técnicos a partir de 18 anos, e enfermeiros a partir de 22 anos, até aposentados, de até 80 anos.